Observações Astronômicas de Galileu nos Livros Didáticos de Física

AS OBSERVAÇÕES ASTRONÔMICAS DE GALILEU NAS ABORDAGENS DOS LIVROS DIDÁTICOS DE FÍSICA: ASPECTOS DA NATUREZA DA CIÊNCIA

Autores:

Maria Amélia Monteiro (Docente do Departamento de Física da UEPB – Campina Grande, PB), Roberto Nardi (Docente do Departamento de Eduação, FC; Programa de Pós-Graduação em Educação Para a Ciência, UNESP – Bauru, SP)

Recortes do artigo:

[…] O objetivo da presente pesquisa é analisar as menções sobre as observações astronômicas realizas por Galileu, apresentadas por livros didáticos de física da educação básica brasileira. […] Para tal análise, nos orientamos pelas seguintes questões de pesquisa: a) Qual a contribuição para a consolidação da revolução copernicana que os autores dos livros didáticos de física atribuem as interpretações das observações de Galileu? b) Qual a perspectiva de natureza da ciência subjacente às abordagens dos livros didáticos de física acerca das observações de Galileu? […] A partir destas especificações, organizamos as menções dos livros didáticos nas seguintes categorias: 1) As constatações observacionais de Galileu desvinculadas do contexto histórico. 2) As constatações observacionais de Galileu associadas a aceitação do copernicanismo. […] Os livros didáticos, cujas menções sobre as observações de Galileu foram analisadas, encontram-se descriminado abaixo.

Livro Referência
(…) (…)
7(L7) PIETROCOLA, M. O., POGIBIN, A., ANDRADE, R., ROMERO, T. R. Física. Movimentos em contextos pessoal, social, histórico . Vol. I, 1 ed. São Paulo, SP: Editora FTD, 2011.

[…]

  1. As constatações observacionais de Galileu desvinculadas do contexto histórico

Na presente categoria estão incluídas as abordagens dos livros didáticos sobre as observações Galileu que apresentam desvinculadas das pressuposições adotadas por Galileu, como também do debate e disputas ocorridos no tocante à aceitação ou rejeição das implicações daquelas observações. […]

  1. As constatações observacionais de Galileu associadas a aceitação do copernicanismo

Na presente categoria estamos incluindo as menções do livro didático que situam as observações de Galileu com a aceitação do copernicanismo. […]

No livro L7, os autores referem-se às observações de Galileu em oposição ao aristotelismo, contrapondo as argumentações aristotélicas com contra-argumentações galileanas, sobretudo no tocante a perfeição e imperfeição celestes. Ao longo da secção, os autores do livro L7 também pontuam as observações de Galileu como contribuindo para à consolidação do heliocentrismo, especificamente em consequência das fases de Vênus. Ou seja, as abordagens do livro L7 sobre as observações de Galileu incorporam elementos presentes no debate da construção da ciência. Com isso, tendem a inserirem-se em uma perspectiva de natureza da ciência […]

Interpretamos que as abordagens dos livros didáticos sobre as observações de Galileu, sejam elas sem menções as pressuposições adotadas por Galileu e suas relações com as ideias da época, sejam elas associadas a aceitação do copernicanismo, não discutem as abordagens apresentadas, no sentido de não apenas justificar a própria abordagem, mas, principalmente, em elaborar uma argumentação para o leitor acerca das polêmicas ocorridas em torno das observações de Galileu. Neste aspecto, nota-se uma exceção nas abordagens do livro L7, porém ainda muito restritas ao contexto interno das elaborações de Galileu e não da recepção das suas ideias.

Conheça o Trabalho Completo no link: http://snea2012.vitis.uspnet.usp.br/sites/default/files/SNEA2012_TCO3.pdf

Astronomia Cultural

“ASTRONOMIA CULTURAL” EM LIVROS DIDÁTICOS DE FÍSICA APROVADOS NO PNLEM 2012

 Autoras:

Marta de Souza Rodrigues (Mestranda da Universidade de São Paulo/Instituto de Física) e Cristina Leite (Universidade de São Paulo/Instituto de Física)

Trechos do Artigo:

[…] O intuito, por fim, é compreender de que forma e com qual frequência a astronomia cultural tem sido tratada por estes materiais. […] Desta forma, usando como referência os livros de física aprovados no último PNLEM, que estão sendo distribuídos nacionalmente em 2012, estes foram tomados como base para compor a amostra analisada, presente no quadro 1.

Quadro 1: Catálogo de livros – PNLEM 2012

Título da Obra

Autor

Editora

(…)

Física em Contextos

PIETROCOLA et al.

FTD

(…)

As obras consideradas, em todos os casos, consistem em coleções compostas por três volumes e todos estes foram tomados para a identificação, num primeiro momento, da presença dos conteúdos de astronomia. Para tanto, recorreu-se ao sumário dos materiais. Todas as coleções possuem pelo menos um capítulo no qual são tratados assuntos relacionados à astronomia. Os mais recorrentes foram: Gravitação Universal e Leis de Kepler. Alguns materiais (Pietrocola et al., 2010 e Menezes et al., 2010), todavia destinaram uma unidade inteira exclusivamente à astronomia, sendo trabalhado um conjunto maior de tópicos nestes casos.[…]

Após o contato com todas as coleções e identificados os trechos, recortes de interesse para a análise junto ao tema da astronomia cultural, foram propostas três grandes categorias para comportar a variedade de abordagens encontrada. São estas: “Diversidade Cultural”, “Cultura na Astronomia” e “Outros”. […] Em se tratando de “Cultura na Astronomia”, a principal preocupação deste agrupamento é mostrar as influências culturais particulares junto a temas da astronomia. […] A categoria “Diversidade Cultural” procura agrupar aspectos que se referem à existência de formas diversas de organização e produção cultural, em um movimento que busca mostrar além dos feitos e considerações relativas ao mundo ocidental. […] No caso da categoria “Outros”, estão agrupados justamente os materiais que pouco apresentaram contribuições para o debate envolvendo a astronomia cultural […]

Três obras […] trouxeram aspectos contemplados tanto em “Diversidade Cultural” quanto em “Cultura na Astronomia”. […] “Física em Contextos” (e outra) […], por destinarem atenção maior à astronomia, consequentemente, foram os materiais mais significativos dentro do tema da análise proposta. A começar pelo primeiro, os aspectos que o aproximam da categoria “Cultura na Astronomia” tratam da elucidação acerca do conhecimento egípcio do céu e sua relação direta na agricultura e da questão estética grega envolvendo os círculos, de forma associada à ideia de órbitas circulares para os planetas. Os pontos que contemplam a categoria “Diversidade Cultural” estão relacionados à citação da construção de calendários por diversos povos, além da referência (implícita) a uma interpretação para a cultura, com viés universalista por estabelecer uma ordem de evolução desta quando se faz menção ao “homem primitivo”. […]

Quadro 2: Categorização dos materiais.

Obras

Categorias
Diversidade Cultural Cultura na Astronomia

Outros

(…)

Física em Contextos

X

X

 
(…)

Considerando apenas as categorias “Diversidade Cultural” e “Cultura na Astronomia”, é possível ainda que subcategorias sejam criadas, com o intuito de pormenorizar a análise para evidenciar uma compreensão mais apurada (porém enxuta) dos materiais (quadros 3 e 4). O critério neste caso está relacionado com a identificação de temáticas mais gerais que são recorrentes dentro de uma mesma forma de abordagem.

Quadro 3: Subcategorias para “Cultura na Astronomia”

Obras

Categorias

Estética e Manifestações Artísticas Catolicismo

Astronomia e Cotidiano

(…)

Física em Contextos

X X

X

(…)

No que diz respeito às subcategorias de “Cultura na Astronomia”, o agrupamento “Estética e manifestações artísticas” está relacionado, de alguma forma, a uma noção de cultura, pois nele se encontram os materiais que fizeram referência tanto a questão da perfeição atribuída aos círculos e esferas pela cultura grega, quanto à aproximação da ciência ao contexto das obras de arte. Já em “Catolicismo”, estão coleções que, principalmente no debate durante os séculos XV e XVI envolvendo a ascensão do heliocentrismo, apontaram o poder da igreja católica e seus dogmas em afirmar a teoria geocêntrica. “Astronomia e cotidiano” representa a associação entre elementos celeste e o cotidiano de forma ampla (indo desde práticas como a agricultura à crença em divindades).

Quadro 4: Subcategorias para “Diversidade Cultural”.

Obras

Categorias

Calendários Cosmologias Universalismo Cultural

Relativismo Cultural

(…)

Física em Contextos

X X X

 

(…)

Portanto, a citação acerca da construção de calendários, assim como as ideias sobre a origem do universo, planeta e vida por parte de diversos povos foram temas recorrentes nos materiais da categoria “Diversidade Cultural”, que surgem nas respectivas subcategorias: “Calendários” e “Cosmologias”. Foram percebidas ainda duas interpretações acerca da cultura, correspondendo às subcategorias que se referem ao universalismo e relativismo cultural. No que diz respeito ao “Universalismo Cultural”, a ideia implícita está relacionada à noção de evolução da cultura com um sentido linear de progresso, caminhando de organizações ditas primitivas às julgadas mais desenvolvidas. Já em “Relativismo Cultural”, é predominante a concepção multilinear para a cultura, que também se aproxima à legitimação, reconhecimento de diferentes formas de organização cultural, de acordo com sua função e coerência interna. […]

Ainda assim, a existência de dois materiais na análise com tratamento mais extenso e sólido sobre o tema, como ocorre em […] Pietrocola et al. (2010), precisa ser ressaltada, ainda mais considerando a forma diversificada que cada grupo de autores abordou a astronomia cultural. […] A abordagem cultural pode fomentar nos estudantes uma postura reflexiva diante dos caminhos que o conhecimento científico possui junto a um determinado contexto e forma de organização cultural, além de incentivar uma postura de entendimento, compreensão, respeito em relação às diferenças e convivência com o que é plural.

Conheça o Artigo Completo no link:  http://snea2012.vitis.uspnet.usp.br/sites/default/files/SNEA2012_TCO17.pdf

 

Vídeo: Entre sons e sensações

Este vídeo é dedicado a conversar com os professores de Física sobre as atividades do Volume 2 da coleção, que exploram as relações entre física e música. Algumas personalidade que contribuíram para as primeiras sistematizações de princípios gerais da música como arte e como ciência são apresentadas e estudadas na atividade histórica tema da conversa deste vídeo. Esperamos que gostem do vídeo e que seja motivador e traga novas ideias para o desenvolvimento da atividade!

Vídeo: As Revoluções das Esferas Celestes

O vídeo de hoje trata da atividade histórica que propõem a análise de partes do livro de Nicolau Copérnico sobre “As Revoluções das Esferas Celestes”.
Pensadores da Antiguidade Clássica, como o grego Aristarco de Samos, já especulavam um sistema de mundo com o Sol no centro, mas foi somente no Renascimento que o modelo heliocêntrico foi tratado com base em cálculos matemáticos das posições dos astros e diagramas elaborados sobre o movimento celeste.

A base desta atividade é o prefácio do livro de Copérnico, que foi escrito pelo teólogo luterano Andreas Osiander, amigo de Copérnico e que se empenhou na publicação da obra.
Por se tratar de um texto muito antigo, os alunos podem sentir dificuldades com a linguagem utilizada. Por isso, sugerimos iniciar a atividade na sala de aula, fazendo leitura compartilhada com a classe e discutindo coletivamente. Essa discussão será importante para nortear as respostas das questões que podem ser feitas como atividade extraclasse.
O primeiro ponto de destaque é o fato do novo sistema de mundo, proposto por Copérnico, ser tratado apenas como hipótese tanto no título quanto ao longo do texto.
Na época da publicação, contradizer o universo geocêntrico era considerado heresia, pois retirar a Terra do centro do universo, também significava tirar o homem do centro e a razão de ser da criação do mundo. Assim, Osiander usou o termo hipótese com intuito de diluir o impacto que a obra provocaria naquele momento.
Outro aspecto que merece interpretação junto aos alunos são os trechos em que se trata dos sábios que ficariam indignados com a mudança das disciplinas liberais há muito bem estabelecidas. Nesse momento do texto, Osiander está se referindo aos intelectuais e religiosos que defendem e difundem as teorias aristotélicas e a tradição geocêntrica, vigentes desde a antiguidade clássica.
Contudo, mesmo contradizendo as crenças científicas e religiosas vigentes, Osiander ressalta que as revoluções de Copérnico não merecem reprovação. Esse é o terceiro ponto a ser discutido, pois segundo ele o é papel do astrônomo usar os dados obtidos, a partir de criteriosas observações e não apenas por divagações e raciocínio, para elaborar o melhor modelo que permita investigar e compreender com a maior precisão possível os movimentos do céu. Além disso, pode-se notar que Osiander não coloca o heliocentrismo como a verdadeira representação do universo, mas apenas como o modelo mais adequado e coerente para as observações celestes. Talvez esse seja mais um artifício na tentativa de amenizar o choque que a obra causaria no momento da publicação.
Também será interessante discutir quais são os absurdos e inconsistências que essas disciplinas há muito bem estabelecidas apresentam, como por exemplo, as observações reais do planeta Vênus em contraposição ao que seria esperado no sistema aristotélico-ptolomaico.
No sistema geocêntrico o planeta Vênus, durante o movimento em seu epiciclo, ora está mais próximo a Terra, ora está mais distante, assim caso está teoria estivesse correta deveríamos observar mudanças no tamanho do planeta, o que não acontece.
Para finalizar é importante ressaltar que apesar do sistema de mundo copernicano responder a algumas indagações, não foi capaz de apresentar todas as explicações.

(i) Ainda permaneceu a esfera das estrelas fixas,

(ii) os planetas não estavam soltos no espaço, mas presos em esferas cristalinas que os sustentavam e os carregavam juntos em seu movimento,

(iii) não soube justificar a razão pela qual somente a Lua orbitava nosso planeta,

(iv) nem a causa da queda dos graves e o motivo dos corpos terrestres acompanharem o movimento da Terra em seu giro pelo espaço.

Essas questões necessitaram de mais algumas centenas de anos e o desenvolvimento do conhecimento científico e dos instrumentos de observação celeste para serem respondidas.
Professor, desejamos que esta atividade favoreça o entendimento da trajetória histórica em direção a obtenção de uma explicação adequada para o movimento dos corpos celestes!

Vídeo: Foi Assim… Investigue com o Pesquisador

Vídeo de apresentação da seção Foi Assim… Investigue com o Pesquisador.

Comumente a formação científica escolar está pautada apenas nos produtos do conhecimento, o que acaba contribuindo para a visão de uma Ciência estática, na qual conceitos e leis são tidos como descobertas realizadas por mentes geniais num “passe de mágica”. Deixar de abordar os enganos cometidos, as controvérsias entre idéias e a influência do contexto sócio-econômico, significa suprimir o dinamismo envolvido na evolução e aprimoramento/aperfeiçoamento do fazer científico.
A inserção de uma perspectiva histórica no ensino de Ciências ajuda na compreensão dos conteúdos pelos alunos, na medida em que traz a origem dos conceitos, contextualiza o conhecimento e apóia a interdisciplinaridade. A História favorece a concepção da Ciência como um empreendimento humano na busca por respostas a questões do mundo natural e da realidade do seu tempo, e que, por isso, deve ser considerada como parte integrante da nossa cultura.
Acreditamos também que a História da Ciência não deve ser vista como conteúdo extracurricular. Assim optamos por utilizar a abordagem histórica como uma estratégia didática que permeia toda a coleção, através da linha do tempo, do texto da maioria dos capítulos, de questões para discussões individuais ou coletivas, dos boxes com a biografia de cientistas e das atividades históricas.
Nessas atividades, os alunos são convidados a ler, interpretar e discutir trechos de textos originais de importantes cientistas da História da Física, ou seja, pesquisadores do passado.
O contato com esses fragmentos de textos históricos permitirá aos alunos terem contato com a linguagem e as analogias de outras épocas, compreenderem as dificuldades envolvidas no tratamento de alguns princípios físicos quando a matematização dos conceitos ainda não tinha sido formulada, perceberem a origem e o desenvolvimento de algumas idéias e os debates entre cientistas contemporâneos, o que contribuirá para uma visão critica ao evitar crenças distorcidas sobre o fazer científico.

Amostra da Coleção

A Editora FTD preparou uma amostra especialmente para você conhecer um pouco da nossa coleção!

O material a seguir é uma amostra que representa a essência da coleção Física em contextos. Por se tratar de uma obra pouco convencional, escolhemos apresentar uma unidade completa e um capítulo diferenciado, que exemplificam as opções metodológicas.

A unidade selecionada foi a quarta (e última) do primeiro volume, chamada Astronomia, que compõe o bloco temático sobre a história da Cosmologia e o estudo da Gravitação. Nela integramos os conteúdos conceituais mais tradicionais do tema com uma abordagem que valoriza a Ciência como atividade humana.

O capítulo escolhido foi o décimo quarto, o último do terceiro volume, que trata das Partículas elementares. Esse capítulo compõe a unidade Radiação e Matéria. É um conteúdo de Física Contemporânea que, em geral, é pouco abordado no Ensino Médio por causa de sua complexidade, mas que foi escolhido para fazer parte da coleção por causa da importância para a Física atual.

Clique aqui para acessar: Fisica em Contextos – Amostra

Física em Contexto e o PNLD 2012

Visão geral

Esta obra destaca-se pela forma de abordagem dos conteúdos de Física, articulando aspectos conceituais, históricos e metodológicos. Os assuntos são apresentados de forma contextualizada, em linguagem simples e dialógica,favorecendo, assim, não só a aprendizagem dos aspectos conceituais dos conteúdos de Física, mas também dos processos de constituição e evolução dos conceitos físicos e das relações entre Física e sociedade.Os capítulos estão estruturados com base em várias seções de diversas naturezas e funções (textuais, históricas, exploratórias, experimentais e problematizadoras), o que permite tornar o trabalho didático dinâmico e estimulante, com vistas ao desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo dos alunos.

Essas seções também aprofundam a discussão sobre as relações entre os conceitos estudados e algumas situações específicas do cotidiano dos alunos, propõem exercícios visando à aprendizagem da aplicação desses conceitos e mostram a relação dos conteúdos físicos com a tecnologia e com a trajetória de cientistas e suas produções.

As atividades para desenvolvimento em grupos e as de caráter aberto e investigativo são bastante frequentes; nesse sentido, encontramos, nesta coleção, atividades com experimentos didático-científicos, atividades de resolução de problemas, atividades envolvendo pesquisas com utilização de meios/tecnologias de comunicação e atividades envolvendo debates entre os alunos.

CapaDescrição

A coleção possui três volumes estruturados em unidades, as quais abordam temas ou tópicos amplos e estão divididas em capítulos. Todos os volumes iniciam com uma retrospectiva histórica do desenvolvimento da ciência/Física. Cada capítulo estrutura-se em torno de um texto principal que contextualiza os assuntos tratados, com situações do cotidiano, e apresenta questões para reflexão por parte dos alunos.

As seções básicas que compõem os capítulos são: Explorando o assunto (apresenta questões para a interpretação do texto); Explorando a situação (aprofunda a discussão sobre os conceitos desenvolvidos no texto); Exercícios resolvidos (apresenta alguns exercícios resolvidos que servem de exemplos para os outros que se seguem); Exercícios propostos – é fácil (propõe exercícios que servem para ajudar o aluno a compreender os conteúdos/conceitos tratados); Exercícios propostos – pense um pouco mais (propõe exercícios que servem para aprofundar a compreensão dos conteúdos/conceitos tratados);Técnica e Tecnologia (explora a relação da Física com a tecnologia); Ordem e grandeza (explora aspectos quantitativos relacionados aos fenômenos estudados); O cientista no tempo e na história (apresenta biografias contextualizadas de vários cientistas); Por dentro do conceito (aprofunda a apresentação de conceitos); Lembrete (apresenta notas rápidas sobre conteúdos matemáticos).

Uma última seção, intitulada Outras Atividades, encerra cada capítulo com o intuito de incentivar o trabalho coletivo e investigativo entre os alunos. Essa seção subdivide-se em: Experimento – Investigue você mesmo (atividades de natureza experimental, realizáveis com materiais simples e de baixo custo); Pesquise, proponha e debata (atividades que pretendem valorizar a capacidade de busca orientada de informação, de organização e de debate sobre as informações coletadas); Problema aberto (atividades que procuram estimular o levantamento de hipótese e o raciocínio coerente); Foi assim…Investigue com o pesquisador (atividades desenvolvidas mediante o trabalho com textos originais de cientistas do passado).

Os conteúdos programados são desenvolvidos, ao longo da coleção, nas unidades e capítulos que compõem cada volume, conforme a sequência abaixo:

Volume 1 (400 Páginas)

Unidade 1 – Bases do conhecimento físico; Do caos ao Cosmos; A Física e o método científico moderno.

Unidade 2 – Cinemática – Movimento e sua descrição; A busca da ordem nos movimentos; Investigando a queda dos corpos; Outros movimentos retilíneos; Os movimentos não retilíneos.

Unidade 3 – Dinâmica – Movimento e sua causa; Investigando a ação das forças; Equilíbrio de forças; Newton e suas leis.

Unidade 4 – Astronomia; História da Cosmologia; Gravitação universal.

Volume 2 (496 Páginas)

Unidade 1- Energia; A história do princípio e conservação da energia; Trabalho e potência; Energia mecânica; Energia e suas outras faces; Quantidade de movimento e impulso.

Unidade 2 – Calor; Calor como energia; Calor e dilatação; Trocas de calor; Máquinas térmicas.

Unidade 3 – Imagem e som; Luz e imagem; Espelhos esféricos; lentes e instrumentos ópticos; Som; Sons e instrumentos.

Volume 3 (528 Páginas)

Unidade 1 – Eletricidade e Magnetismo; Propriedades elétricas da matéria; Circuitos elétricos; Instalações e equipamentos elétricos; Propriedades magnéticas da matéria; Campo elétrico e magnético; Leis de Ampère e de Faraday; Força magnética, motores e geradores.

Unidade 2 – Ondas eletromagnéticas; A luz como onda eletromagnética e as telecomunicações; Luz e fenômenos atmosféricos; Fontes de luz e suas cores; Espectroscopia.

Unidade 3 – Radiação e matéria; A natureza da luz; Estrutura da matéria; Pensando sobre o muito pequeno; Partículas elementares.

Análise

A coleção procura realizar uma abordagem dos conteúdos de Física integrada a várias outras áreas do conhecimento, mediante um tratamento desses conteúdos articulado a conhecimentos de Biologia, Saúde, Ciências da Terra, Arte, Geografia, História, Literatura e Matemática. Por outro lado, questões sobre as relações entre ciência, tecnologia e ambiente ou mesmo sobre os impactos da ciência e tecnologia sobre o ambiente são abordadas em poucos momentos ao longo da obra.

Os conteúdos programados são tratados com uma forte atenção à sua historicidade. Nesse sentido, a coleção apresenta muitos textos com biografias contextualizadas de grandes cientistas e com discussões sobre os processos de construção e de evolução de conceitos e teorias físicas. Também são mostradas situações de colaboração entre cientistas, assim como algumas polêmicas, controvérsias e mudanças paradigmáticas na História da Ciência. Com relativa frequência, são tratadas situações do nosso cotidiano, tanto próximo como distante, bem como são discutidas aplicações técnicas e tecnológicas do conhecimento científico abordado. Enfatiza-se, assim, a ideia de que a ciência é uma atividade humana, em constante evolução, sujeita a condicionamentos históricos, socioculturais e econômicos, fruto de ações de grandes cientistas, influenciadas pelo intercâmbio de informações e pela cooperação entre eles. Optando por uma abordagem mais focada na evolução dos conceitos e teorias, a coleção utiliza trechos de textos originais escritos por cientistas (do passado remoto ou da atualidade), o que contribui para que o aluno compreenda melhor o contexto de cada época, compreenda a importância e o funcionamento da linguagem científica e tenha um aprendizado pautado em múltiplas linguagens.

Em particular, o modo fundamentado e adequado como a História da Ciência é tratada no Livro do Aluno pode ser considerado um avanço qualitativo desta obra com relação a outras congêneres. Na abordagem da História da Ciência, a coleção desenvolve uma noção de ciência como atividade humana, em constante evolução.

Nesse sentido, é particularmente rica a apresentação, realizada ao longo da obra, da evolução dos modelos cosmológicos e das concepções sobre movimento, desde a antiguidade clássica grega até o século XX. Merece destaque também uma das seções introdutórias, a qual chama a atenção para a cosmologia indígena dos Kaiapos. Assim, muitos professores poderão se valer da variada gama de textos de natureza histórica presentes no Livro do Aluno, no sentido de complementar a abordagem histórica dos conteúdos programados.

A apresentação dos conteúdos é realizada de maneira dialógica, com linguagem simples e clara, em tom de conversa com o aluno. A matemática é utilizada como uma linguagem auxiliar na parte da descrição quantitativa das situações físicas em estudo. A organização geral da obra abrange unidades temáticas, nas quais são desenvolvidos os conteúdos de Física, de forma a relacioná-los com o cotidiano dos alunos, com a História da Ciência, com a tecnologia e com suas aplicações de modo geral.

A coleção também favorece o desenvolvimento da capacidade de modelização de fenômenos e estimula o desenvolvimento de capacidades intelectuais, comunicacionais e atitudinais dos alunos, dentre elas o espírito investigativo e crítico, a autonomia de pensamento e a participação efetiva e produtiva em trabalhos coletivos.

Com o objetivo de fornecer subsídios para os professores sobre a utilização das abordagens temáticas, o Manual do Professor apresenta uma introdução à metodologia dos trabalhos por projetos, fundamentada nas ideias sobre ilhas de racionalidade, do educador em ciências Gerard Fourez. Também trata, com propriedade, questões epistemológicas relacionadas com os processos de modelização na ciência e no ensino, baseadas nas ideias do filósofo da ciência Mário Bunge. Essas leituras podem contribuir para a formação docente, no sentido de uma primeira aproximação a tais assuntos.

Em cada capítulo, há uma variedade de seções que ajudam a materializar as proposições encontradas na fundamentação teórico-metodológica da coleção e incentivam professores e alunos a trabalharem em um processo dinâmico e participativo. Essas seções são estruturadas a partir de uma variedade de gêneros textuais e formas de linguagem e comunicação, tais como textos originais de cientistas, artigos de pesquisa em ensino de ciências/Física, textos literários, obras de arte, quadrinhos, textos jornalísticos, quadros, tabelas, gráficos. Além disso, a coleção estimula a comunicação verbal e escrita dos alunos sob a forma de diferentes linguagens: textos, relatórios, tabelas, gráficos, maquetes, painéis, diálogos, entrevistas, debates.

As ilustrações são frequentes nesta coleção, apresentam boa qualidade gráfica e técnica e estão bem articuladas aos textos, favorecendo a contextualização dos assuntos tratados, tanto histórica como vivencial cotidiana, a integração com outras áreas de conhecimento e a visualização das aplicações tecnológicas. Mesmo a coleção estando livre de estereótipos e preconceitos, poderia retratar, de forma mais equilibrada, a diversidade de gênero e raça, segundo sua distribuição na população brasileira, e a pluralidade social e cultural das várias regiões do país.

A coleção explora questões problematizadoras e situações-problema para investigação experimental ou bibliográfica, e propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam levantados e confrontados com os conhecimentos científicos.

Nas seções Experimento – investigue você mesmo, Pesquise, proponha e debata, Foi assim … investigue com o pesquisador e Problemas abertos há uma grande quantidade de atividades que podem contribuir para a compreensão de relações entre os conteúdos de ensino (nas suas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais) e o cotidiano vivencial dos alunos.

As seções Pesquise, proponha e debata e Problemas Abertos incluem problemas com enunciados em que são feitas contextualizações de situaçõesproblema específicas, visando estimular/permitir estimativas e considerações por parte do professor e do aluno. Entretanto, boa parte das atividades dessas seções apresenta roteiros previamente estruturados, com orientações ou perguntas que podem induzir os resultados, na medida em que são indicados todos os procedimentos necessários, seja de montagem experimental, seja de exploração e estudo de determinada situação ou ainda de resolução de problemas.

Ao longo da coleção, são propostas discussões sobre as relações CTSA (ciência, tecnologia, sociedade e ambiente), que contribuem para explorar os impactos da ciência e tecnologia sobre a vida social e individual. Isso é concretizado, em especial, na seção Técnica e Tecnologia, na qual se trabalha a relação da técnica com a produção do conhecimento científico mediante exemplos. Em outros momentos, há situações que abordam aspectos polêmicos e controversos, estimulando o debate e o exercício da crítica entre os alunos. Todavia, enfocam-se as relações CTSA com certa linearidade e neutralidade.

Conhecimentos de Física Moderna e Contemporânea são encontrados ao longo da coleção e mais especificamente no volume 3, sendo tratados, na sua maior parte, de modo abrangente e pertinente. Em alguns tópicos, todavia, esses conteúdos são tratados com um nível de aprofundamento e complexidade que precisam ser adequados para a abordagem com alunos do ensino médio. Nesse sentido, o Manual do Professor alerta para essa necessidade, esclarecendo que, para essa abordagem, há instruções mais detalhadas e textos de aprofundamento para o benefício daqueles professores iniciantes no ensino da Física Moderna e Contemporânea. É sugerido ao professor que ele avalie a possibilidade de tratar tais conteúdos em dois níveis de profundidade, considerando o atendimento às características previstas para o seu curso, mais ou menos avançado, considerando, por exemplo, o número de aulas semanais disponíveis para as suas turmas.

Em sala de aula

Esta coleção favorece o trabalho didático com os conteúdos da Física de forma contextualizada, com ênfase na formação de conceitos e na compreensão de fenômenos.

Nela, o professor encontrará um grande e variado conjunto de atividades voltadas para o trabalho em grupo, tais como atividades com experimentos didático-científicos, atividades de resolução de problemas, atividades envolvendo pesquisas com utilização de meios/tecnologias de comunicação, atividades envolvendo debates entre os alunos. Por isso, deve-se estar atento para a necessária valorização desse tipo de atividade, incluindo-as, de modo adequado, ao seu planejamento de ensino.

Um aspecto que deve merecer particular atenção do professor é a preocupação explícita desta coleção em enfatizar a utilização de elementos da História da Ciência como recurso didático para o ensino de conteúdos de Física. Assim, a coleção promove não só discussões sobre a evolução histórica dos conceitos físicos, como também textos com biografias e produções originais de cientistas importantes. O professor deve ficar atento a essa qualidade essencial da coleção, incorporando também esses elementos em seu planejamento de ensino.

O tratamento dado aos assuntos de Física Moderna, cujo conhecimento é tão necessário para a compreensão de fenômenos do nosso cotidiano, como também de aparatos e processos tecnológicos contemporâneos, é outro ponto forte desta coleção; no entanto, o professor deve ter cuidado para adequar a profundidade da abordagem destes assuntos à realidade do contexto escolar em que atua.

No Manual do Professor, encontra-se, ainda, tanto discussões sobre o papel da Física na formação de adolescentes para o mundo contemporâneo, como sugestões para o trabalho didático, as quais poderão ajudá-lo a desenvolver, de forma articulada, os diversos aspectos que caracterizam a obra.

Clique aqui e faça o download do Guia de Livros Didáticos – PNLD 2012 – Física.